quinta-feira, junho 03, 2010

Espetroscopia em RM. Caso clínco: Gliona

A espectroscopia, é uma técnica de Ressonância Magnéctica que foi iniciada à cerca de ±50 anos.
Esta técnica combina os métodos de imagem tradicionais da RM com a capacidade de análise química dos tecidos, tornando-se um processo não invasivo para o estudo de processos bioquímicos cerebrais, hepáticos e musculares.
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Uma das melhores utilizações da espectroscopia por ressonância magnética cerebral é a diferenciação entre recidiva tumoral e radionecrose, o que só era possível através do PET (Tomografia por Emissão de Protões).

Nesta técnica obten-se um diagnóstico pela análize da quantidade de metabolitos, que são obtidos através de um espectro, estando eles identificados pelo seu tempo de repetição, sendo os de TE mais longo (135 ms): N-acetil aspartato (Naa); Creatina (Cr); Colina (Co); Lactato (Lact)
Os metabolitos identificados com TE curto (30 ms) são: Lipídios (lip); Glutamina e Glutamato (Glx); Mioinositol (Mi).
Qualquer metabolito no espectro mantém uma posição presente, sendo identificado pela mesma, sendo sempre necessária a supressão de água para que a análise possa ser mais exacta

Esta técnica tem sido recebida com especial atenção por parte dos médicos radiologistas, e em particular dos neurorradiologistas, neurologistas e psiquiatras pois de uma forma não evasiva se obtém um diagnóstico.

Existem dois tipos distintos de espetroscopia. Single e Multi voxel
Single voxel: é utilizado quando a análise é feita junto de substâncias que podem aferir a um diagnóstico errado, "osso, ductos, líquidos" o “shimming” é considerado o mais fácil onde a supressão da água e gordura é mais eficaz. A limitação desta opção é o facto de nos dar uma cobertura anatómica restrita


- Multi-voxel: também chamada como “chemical shift imaging” (CSI), permite o estudo dos vários componentes da lesão num único tempo de exame, mostrando a extensão da anomalia metabólica. Esta pode ser 2D ou 3D, mas estes têm um processamento mais complexo, oferecendo um mapa metabólico (imagem espectroscópica). A limitação desta opção é o facto de em áreas de grandes volumes o “shimming” ser difícil de se fazer devido à presença de vasos, LCR e osso.

A informação espectroscópica depende do tempo de relaxamento (TR) e do TE utilizados, já que os metabolitos possuem diferentes tempos de relaxamento T2.

Caso clínico:
Anamnese:
Um doente de 64 anos de idade, do sexo masculino, no dia 5/5/2010, dá entrada no serviço de Ressonância Magnética para realização de um exame ao crânio. Depois de um breve análise da história clínica, verifica-se que tinha sido reencaminhado do serviço de Tomografia computorizada onde se dirigiu para exame controlo, pois anteriormente foi lhe retirado um menigioma, no serviço de TC nesse dia, foi diagnosticado uma massa estranha, recorrendo ao serviço de RM com o intuído de diferenciação tecidular.



 Exame:
 Após informação prévia ao doente sobre os princípios da RM, efectuou-se o questionário obrigatório e procedeu-se ao exame com as seguintes sequências:
- Sequências base: Sagital T1; DP\T2 axial; Axial T2 FLAIR;
- Sequências complementares para espectroscopia: DIFF; Coronal T2 TSE;  Axial T2 FS;  CSI 3D ;
- Sequências com contraste endovenoso:  Axial, sagital e coronal T1 pós injecção de gadolíneo;

Com Software de Espectroscopia com as imagens CSI 3D faz-se a selecção do voxel em estudo nos três planos, para não existir probabilidade de estar fora da área de interesse.

Obtendo-se o espectro pretendido

Após a obtenção do mesmo o software faz-se a marcação habitual da localização dos metabolitos.
Com o espectro obtido, em comparação com o normal, pode-se verificar na zona afectada uma diminuição do acetil-aspartato (NAA), um aumento da colina (Co) e um aumento da negatividade do Lactato, o qual é feita uma inversão para positivismo do gráfico

Através destas alterações observadas chega-se à conclusão que estamos perante uma massa tumoral, com suspeita de etiologia Glial (Glioma), com um grau de malignidade elevado, pois o rácio calculado entre Cho e NAA é >2,5
Á direita, Espectro de metabolitos em cérebro sem alterações.

Conseguimos aferir que a espectroscopia é uma mais valia para a imagiologia, pois esta trata-se de uma técnica avançada de ressonância magnética, que através da análise dos metabolitos do corpo humano, permite-nos solucionar um diagnóstico que seja à partida duvidoso. Por outro lado, na presença de uma massa suspeita em que não haja certezas da patologia, como no caso clínico referido, realiza-se a espectroscopia para diferenciação das suas características e malignidade.
  Os tumores cerebrais são classificados consoante o local, tipo de tecido envolvente,  podendo os primários surgir nas células cerebrais, nas meninges, nervos, ou glândulas.
  Os gliomas e os meningiomas são os tumores mais comuns nos adultos. Os gliomas derivam das células gliais, são histologicamente heterogéneos e subdivididos em astrócitos, oligodendrócitos, e células ependimais.

Cada tipo de glioma tem um grau de malignidade variável e as abordagens terapêuticas a estes tumores variam, consoante o grau de malignidade.
O objectivo da terapêutica é maximizar a qualidade de vida e prolongar a esperança de vida do doente,  porque só com um bom diagnóstico origina uma terapêutica eficaz.

Bibliografia:
Carolina Garret; Alzheimer; Porto; Faculdade de medicina do Porto, 2007

http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+degenerativas/oqueeadoencadealzheimer.htm, consultado em 10/04/2010.
http://www.universia.pt/, consultado em 21/04/2010
http://www.radiologiaclinicadecampinas.com.br/info_9.htm Consultado em 14/05/2010




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